BICHO LIVRE EM LIVRO DE BICHO





BICHO LIVRE
EM LIVRO DE BICHO
MARIA HELENA CRUZ



...


A CUTIA QUER DESCANSAR

Cansada de correr de noite e de dia, debaixo da cama de dona Maria, a Cutia saiu pela mata em busca de um lugar bem gostoso. Fresco e tranquilo para descansar.
Logo encontrou uma frondosa árvore, subiu em um de seus galhos mais baixos e bem sombreado, deitou seu corpinho sobre algumas folhas e fechou os olhos, mas quando começou a cochilar...:
- RRRRRRRRRRR... O que faz sobre minha árvore dona Cutia?
- Ai! Dona Onça? É... Sabe o que é?... É...
- Diga logo,antes que eu use a senhora como petisco.
- Bem dona Onça! Acontece que estou tão cansada de correr de noite e de dia, debaixo da cama de dona Maria que, quando encontrei essa deliciosa e aconchegante árvore, não resisti...
- Pois trate de se levantar e procurar outro lugar para descansar que, essa deliciosa e aconchegante árvore,é minha. Além do quê... UUÁAAAAAAAAAA! Depois do meu almoço, se eu não tiro um cochilo, fico muito mal-humorada e a senhora não vai querer me ver mal humorada, vai?
- Não senhora onça, não?
- Então saia logo daqui, ande...
Cutia se foi, e encontrou um buraco de barranco, onde alguns capins desciam feito cortinas à sua porta. Já muito sonolenta, ela se apressou em entrar e descansar, mas quando começou a cochilar...:
- RRRRRRRRRRRR... O que faz em minha toca, dona Cutia?
- Ai! Senhor Raposo? É... Sabe o que é?... É...
- Diga logo, antes que eu use a senhora como petisco.
- Bem senhor Raposo! Acontece que estou tão cansada de correr de noite e de dia debaixo da cama de dona Maria que, quando encontrei essa deliciosa e aconchegante toca, não resisti...
- Pois trate de se levantar e procurar outro lugar para descansar que, essa deliciosa e aconchegante toca,é minha. Além do quê... UUÁAAAAAAAAAA! Depois do meu almoço, se eu não tiro um cochilo, fico muito mal-humorado e a senhora não vai querer me ver mal-humorado, vai?
- Não senhor raposo, não?
- Então saia logo daqui, ande...
Cutia se foi, e encontrou um buraco no oco de um velho e apodrecido tronco. Já muito sonolenta, ela se apressou em entrar e descansar, mas quando começou a cochilar...:
- RRRRRRRRRRRR... O que faz em meu tronco, dona Cutia?
- Ai! Senhor Coruja? É... Sabe o que é?... É...
- Diga logo, antes que eu use a senhora como petisco.
- Bem senhor coruja! Acontece que estou tão cansada de correr de noite e de dia debaixo da cama de dona Maria que, quando encontrei esse delicioso e aconchegante tronco, não resisti...
- Pois trate de se levantar e procurar outro lugar para descansar que, esse delicioso e aconchegante tronco,é meu. Além do quê... UUÁAAAAAAAAAA! Depois do meu almoço, se eu não tiro um cochilo, fico muito mal-humorado e a senhora não vai querer me ver mal-humorado, vai?
- Não senhor Coruja, não?
- Então saia logo daqui, ande...
Cutia se foi e quase não conseguindo mover as patas de tanto sono, encontrou uma lagoa, com suas águas cristalinas e frescas. Cercada por um matinho de cheiro gostoso.
Cutia se aconchegou no meio do matinho, mas quando começou a cochilar...:
- Lá vai bomba!
Senhor Preá deu um mergulho na lagoa, espirrando água na pobre e cansada Cutia que despertou em um susto.
Senhor Preá, sem se importar com os resmungos da Cutia, saltava, mergulhava, nadava...

- "Sai, sai, sai oh preá
Sai dessa lagoa
Sai, sai,sai oh preá
Sai dessa lagoa
Bota uma mão na cabeça
Outra na cintura
Dá um remelexo no corpo
Dá um abraço no outro..."

Vendo que o senhor Preá não sairia da lagoa, tão cedo, a Cutia desistiu de procurar por um lugar para descansar e voltou para a casa de dona Maria.
" Corre cutia
De noite e de dia
Debaixo da cama
De dona Maria..."
...

MARIA HELENA CRUZ
http://ayram-contosfadas.blogspot.com



II
PANDY NÃO QUER PAPÁ





Aaaah! Mamãe Panda estava muito preocupada.
Pandy, que era um filhote todo gorduchinho, comilão e muito, muito alegre, não queria mais papá.

Mamãe fazia de um tudo, mas nada...

Mamãe escolhia comidas deliciosas, mas quando tentava fazer o filhote comer uma folhinha de bambu bem verdinha... NADA!


Pandy, agora, só queria saber de ficar lá... Hora sentado sobre um monte de folhas e galhos, hora debaixo de grandes árvores...

Mamãe Panda perguntou o que o filhotinho queria para voltar a comer, mas o pequenino não respondeu e continuou sem dar a menor importância para as tentativas da mamãe de lhe dar o que comer.

No segundo dia, Mamãe Panda desistiu de tentar sozinha e saiu por toda a china em busca de um doutor, ou algum sábio que lhe dissessem o que fazer.

Um dizia:

- A senhora precisa trocar de bambuzal e com folhas diferentes, ele certamente voltará a comer...

Lá ia Mamãe Panda por um monte de bambuzais diferentes, mas quando tentava dar para Pandy comer...

Só recebia focinho torcido e boca fechada feito porta de cofre...

Outro, ainda pior, disse para a mamãe forçar que ele abriria a boca e comeria...

Ela tentou, forçou e tentou tanto que ele acabou abrindo... Abrindo o maior berreiro, sem engolir um só pedacinho das deliciosas, macias e verdinhas folhas de bambu.

Certo dia, por acaso, Mamãe Panda encontrou Dª Pandora. Uma senhora panda muito velhinha, alegre e sabida:

- Dá cá esse mocinho e deixe-me ver se consigo ajudar...

Dª Pandora o pegou no colo, o aninhou um pouquinho e começou a cantarolar uma cançãozinha animada, que logo deixou Pandy, também, muito animado. Depois, quando começou a cantar a segunda música, pegou as folhinhas de bambu e foi entregando ao filhotinho, que distraído com as canções, comeu uma folhinha... Depois outra folhinha... Depois outra folhinha e quando Mamãe Panda foi ver, ele tinha comido um bocado delas.

Logo em seguida, bem aquecido pela refeição e embalado pelas canções, Pandy foi dormir com um gostoso sorriso de sonhos bons.


(CANTIGA  EM RITMO DE BONECA DE LATA)
 “Um gostoso lanchinho
Agora Pandy vai comer
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer...

Uma folhinha aqui
Uma folhinha ali
Uma folhinha aqui
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer

Hum! Que almoço gostoso
Agora eu vou comer
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer

Uma folhinha aqui
Uma folhinha ali
Uma folhinha aqui
Gostosinha assim

Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer...
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer”
...

MARIA HELENA CRUZ
http://ayram-contosfadas.blogspot.com


III
OLHA O GATO COM MEDO DE RATO




Certo dia, a mata estava em festa. Depois de uma chuviscada gostosa, de baixo de um solzinho relaxante e sob um colorido arco-íris, nascia a princesa Celina Onça, filha da grande rainha Felícia Felina Onça e os bichos comemoravam em grande algazarra.

Todos estavam muito felizes...

Felícia Felina era a rainha da caça, a mais forte, a mais valente da mata.

Se algum bicho precisava de uma “forcinha”, lá estava Felícia, sempre pronta para usar seus músculos.

Se algo perturbava a mata, assustava a bicharada, lá estava Felícia sempre pronta a mostrar sua coragem.

Sendo assim, quando Celina nasceu, Felícia viu na pequena oncinha a continuação de sua história:

- Ah! Essa minha filha será a mais feroz de todas as feras desse mundo!!!

E Celina, ainda sendo um pequeno filhote, já era temida por todos na mata.

Bastava sentirem seu cheiro que até o menor dos insetos, e até o maior dos porcos do mato se encolhiam, se escondiam e tremiam de medo.

Elas e a mãe se orgulhavam de tanta valentia. Celina dizia não ter medo de nada e adorava ver a bicharada amedrontada.

Foi então que, de passagem, apareceu um rato na mata. Um rato de cidade grande.

Por aquelas terras não havia ratos como aquele.

Branquinho, branquinho, pés e rabo cor-de-rosa e olhos vermelhos, vermelhões.

O pobre rato estava perdido.

Viajava para visitar um primo, resolveu pegar um atalho e acabou perdido na mata.

Já cansado, ouviu alguns bichos conversando e foi pedir informações.

Antes que o ratinho alcançasse o grupo de gambás que tagarelavam a sombra de uma grande árvore, Celina saltou sobre os bichos.
Mas ela escorregou em uma poça de lama e... Foi parar na frente do ratinho branco...

Quando ela viu aqueles olhos vermelhos, vermelhões olhando para ela...
Arrepiou-se toda, deu um miado tão alto que espantou todos os pássaros das redondezas e ainda deu um salto para o lado, acertando, com toda a força, sua cabeça nas cascas grossas da árvore.

Os animais que estavam perto começaram logo com a zombaria:

-Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato... Olha o gato com medo de rato...

Logo, logo todos os outros animais da mata também vieram e se juntaram aos zombeteiros:

- Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato...

Foi então que Celina aprendeu que todos sentem medo e daí por diante ela decidiu que não seria mais tão prepotente e metida à valente.

CANTIGA(MELODIA: MEU LIMÃO MEU LIMOEIRO)
"Olha a gata assustada
Que será que ela tem
Se assustou foi com o rato
Desta vez não se deu bem

O gambá todo faceiro
Riu com toda a bicharada
E da fama de durona
Dessa vez não sobrou nada"
...

MARIA HELENA CRUZ
http://ayram-contosfadas.blogspot.com


IV
O COELHINHO SEM MEDO


Certa tarde, ia Caco Raposa pela mata a procura de boa caça, quando avistou ao longe um coelhinho muito serelepe.

Já salivando, lambendo os lábios e babando muito, a raposa foi se aproximando de vagar, de vagar e quando estava quase no ponto de saltar sobre o coelhinho e o engolir em uma só abocanhada...

CADÊ O COELHINHO???

O danadinho sumiu das vistas e do faro de Caco Raposa, que ficou sem saber o que pensar.

Procura daqui, procura dali, procura de lá e quando já não havia mais onde a raposa procurar...

IIIIUUPIIII!!!!

O coelhinho, danadinho, saltou em cima das costas de Caco, que começou a saltar e a “corcovear”. Tamanho foi o susto que levou que nem imaginou ser o coelhinho, pensou estar sendo atacado por algum bicho feroz e aí saltava e gritava, gritava e saltava, até que o coelhinho se soltou dos pelos da raposa assustada.

A essas alturas, Caco já estava tão cansado que não conseguia nem atacar o pequeno coelho.

Sentado sobre as folhas secas, esbaforido, de língua para fora e patas tremendo feito “vara verde”, fez o pequenino ficar preocupado:

- O sinhô ta bem?? Dicupa, dicupa tá?

A raposa ficou ainda mais espantada. Onde já se viu um coelhinho pedir desculpas ao invés de sair em carreira, pedindo socorro?? E o coelhinho continuou examinando Caco Raposa e onde pensava estar machucado, ele assoprava e dizia:

- Dodói vai salá, dodói vai salá...

Caco raposa entendia cada vez menos e quanto mais tonto a raposa ficava, mais o coelhinho lhe cuidava.

Aos poucos, Caco esqueceu-se de sua fome e de sua procura por caça e perguntou ao pequenino:

- Quem é você?

- Eu... Eu sô o Quelinho Fael... Cadê minha mamãe???

- O quê? Perdeu sua mãe??

- Pedi?? A... Asso qui pêdi. Azuda incontá minha mamãe? Cadê minha mãe???

Caco Raposa deu um sorrisinho malicioso, daqueles de canto de boca que quase chega às orelhas e depois continuou a prosa:

- Claro, claro que levo... Vem comigo.

E o Caco, danado que só, levou Fael para sua toca e lá preparou um monte de coisas gostosas como cenoura, alface... Fael comeu tudo, mas não parava de perguntar:

- Cadê mamãe... Mamãe ta qui... Quelo minha mamãe...

O pobre coelhinho esperou, procurou e nada.

Caco fazia tudo para agradar o pequenino. Brincava de cavalinho, de pique esconde, fazia cafuné...

Mas o que o coelhinho queria mesmo, Caco não queria dar de jeito nenhum.

- Mamãe Coelha não é boa mãe para ele... Onde já se viu perder um coelhinho tão pequenino, no meio de uma mata cheia de bichos malvados?? Pois agora serei eu quem protegerá o Coelhinho Fael...

Mas Fael foi ficando cada vez mais tristonho, cada vez mais tristonho... Logo ele começou a chorar baixinho, depois mais alto, mais alto e acabou armando o maior berreiro, deixando a raposa com tanta pena que não resistiu e levou o coelhinho para sua mamãe.

Mamãe, que também estava muito triste procurando por seu filhotinho, foi correndo abraçar seu filho e prometeu nunca mais se afastar do coelhinho para que ele não se perdesse outra vez, enquanto Caco olhava tudo, escondido no meio do mato.

Mamãe coelha nunca mais deixou o coelhinho sair de perto dela.

O coelhinho Fael teve muita sorte, pois podia ter sido devorado, ou levado para longe para nunca mais ver sua mãe, pois filhotinhos não podem ficar por aí, sozinhos, não é mesmo?


CANTIGA (MELODIA: COELHINHO DA PÁSCOA)

"Coelhinho dengoso
Ganhou seu raposo
Que de caçador
Se tornou seu cativo

Coelhinho esperto
Não faça mais isso
Fugiu da mamãe
Correu grande perigo

Por sorte
O raposo
Virou seu amigo"
...






V
ANINHA JOANINHA QUER BRINCAR COM AS ESTRELAS


Aninha Joaninha sempre dormia cedo, pois acordava junto com o sol para aproveitar as delícias do dia.

Enquanto o sol estivesse clareando a terra, lá estava Aninha brincando, comendo, se divertindo e quando o sol ia embora, Aninha se aninhava sobre uma folha bem verdinha e dormia.

Quase sempre era assim, isso, porque certo dia Aninha estava tão distraída com um pé de amoras que nem viu o sol ir se deitar, quando deu por si, já estava chegando à noite e então... Aninha olhou para o céu...

A joaninha ficou encantada! Ela viu a primeira estrela da noite e ficou maravilhada com seu brilho delicado, suas pontinhas reluzentes e Aninha quis muito, mas muito mesmo, ir lá em cima brincar com a estrela.

Aninha, então, bateu suas asinhas e subiu na tulipa mais alta, foi até bem em cima da flor e se esticou, se esticou, se esticou...

Ah não! Aquela tulipa ainda era muito baixinha, não dava para alcançar e brincar com a estrela.

A joaninha pensou, pensou e decidiu subir na folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta, e lá foi ela batendo suas asinhas.

UFA!

Quando Aninha chegou lá em cima da folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta a pobrezinha estava exausta, muito cansada mesmo e chagando lá ela ainda se esticou se esticou, se esticou e finalmente...

Ela cansou de se esticar e percebeu que mesmo a folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta ainda era muito baixa para alcançar e brincar com a estrela.

Pobre Aninha! Ficou tão triste, mas tão triste que foi se aconchegar em uma folha verdinha para dormir

Deitou-se, se aconchegou, mas dormir não dormiu.

As lágrimas estavam correndo por seus olhos como águas em um dilúvio. E ela não conseguia parar de pensar em como queria ser amiga da estrela, então ela se levantou e foi lavar o rosto no riacho.

Quando ela chegou ao riacho e abaixou para se lavar... Ficou parada, paralisada... A estrela estava lá dentro do riacho.

“Agora sim está mais fácil”, pensou ela e outra vez ela se esticou, se esticou, se esticou e...

...SPLASH...

Caiu dentro do riacho e o pior é que ela não sabia nadar... E AGORA?

A pobre joaninha batia as patinhas, batia as asinhas e nada de conseguir sair de tamanha encrenca.

Já estava perdendo as for; as quando viu uma luzinha delicada se aproximar rápido e Aninha logo imaginou que fosse a estrela, querendo ser sua amiga também.

Quando o sufoco passou, ela viu um inseto muito curioso, que nunca havia visto antes...

Ele lhe disse que era um vaga-lume e falou para ela ter mais cuidado quando andar perto das margens do riacho, foi então que, toda chorosa, Aninha contou o quanto queria ser amiga da estrela.

Depois de ouvir a historia o vaga lume pediu para que ela n’ao ficasse triste e a chamou para brincar...

A joaninha ficou muito feliz com o novo amigo, mas já estava tarde e ela tinha muito sono, então se despediram, prometendo se encontrarem no dia seguinte, mesmo sabendo que a luzinha do vaga-lume n’ao estaria tão bonita durante o dia.

Joaninha se aconchegou em uma folha verdinha para descansar...

MAS SABEM QUEM MAIS ESCUTOU ANINHA CONTAR O QUANTO QUERIA SER AMIGA  DA ESTRELA?

Pois é!

A estrela ouviu tudo e então mandou uma “nuvem recado” para a joaninha... “Sabe, eu também quero ser sua amiga, então que tal sermos “amigas de correio”? Sempre quando a noite estiver terminando, eu te mandarei uma nuvem recado e quando o dia terminar, você poderá me escrever um recado em uma folha que eu peco para um vento me entregar...”
Aninha adorou a solução entendo que na vida, existem diferentes tipos de amigos, como aqueles que estão sempre por perto, aqueles que a gente só vê na escola e aqueles de muito, muito longe, mas que mesmo estando, assim, muito, muito longe não deixam de ser nossos amigos.

Ela agora tinha dois novos amigos.

Agora sim! Aninha Joaninha foi dormir feliz da vida.

CANTIGA (MELODIA: BRILHA, BRILHA)

"Estrelinha a dançar
Lá no céu me encantou
Com seu brilho, meu olhar
Logo, logo se encantou

Estrelinha vem brincar
Sua amiga quero ser
Noite e dia a bailar
Juntas nós vamos viver"

...
MARIA HELENA CRUZ
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VI
BETO GAMBÁ E A GANGUE DAS DONINHAS



Era uma vez um gambazinho muito tímido.

Na escola, mal falava.

Pela mata, mal andava.

Estava sempre só, quer dizer, nem sempre, pois sua única amiga era Gambita, a gambazinha que morava no Monte Pedregoso.

Ao contrário de Beto, Gambita estava sempre às voltas com todo mundo.

Forte, bonita e inteligente, agradava a todos e quando aparecia algum engraçadinho para caçoar de sua aparência, ou pior, de seu cheiro, Gambazita hora ignorava. Hora até ria de si mesma também e aí o zombeteiro perdia a graça e a deixava em paz...

QUE PENA QUE BETO NÃO ERA ASSIM!!!!

Beto havia se tornado um gambazinho triste, tímido e sozinho, justamente por causa da zombaria.

Mal chegava a algum lugar e a bicharada começava a torcer o nariz, a cochichar olhando para ele, a rir e apontar para o pobrezinho.

O gambazinho ficava tão triste, mas também com tanta vergonha, que não contava para ninguém.

Às vezes ficava tão triste, mas tão triste que não conseguia seguras suas lágrimas que desciam apressadas em se esconder na terra e aí os zombeteiros ficavam ainda mais contentes e orgulhosos de seus feitos.

Os piores zombeteiros, que não deixavam Beto em paz, eram as doninhas. Estavam sempre zombando do pobrezinho e em alto e bom som, até que um dia, só a zombaria falada não foi suficiente para divertir o bando e eles começaram a dar cascudos e petelecos em Beto Gambá enquanto zombava de seu cheiro.

Beto só tinha paz quando estava ao lado de Gambita, quando ninguém se atrevia em mal dizer um gambá.

Apesar de Beto não contar nada, Gambita, muito esperta, começou a prestar atenção nos olhares das doninhas para o gambazinho e no jeito que o pobre Beto ficava perto das doninhas.

No último dia de aula, a bicharada estava toda eufórica. Imaginando, planejando, falando sobre tudo o que fariam nas férias e a Gangue das Doninhas...:

- Turma, eu tenho uma idéia para divertir a escola inteira, para comemorar a chegada das férias. É assim, ó. Vocês chamam todo mundo lá pro campinho e...

Bem! Depois da última aula, do último dia de aula, Dado Doninha chegou perto do Beto com ares de amigo:

- E aí... Bem... Sabe como é... As férias estão aí... Bem, acontece que eu queria te pedir desculpas...

- Sério? Quer me pedir desculpas?!

- Claro! Você é muito legal e não tem nada a ver as brincadeiras que meus amigos fazem. Para selar nossa amizade, vamos até o campinho jogar bola...

- Oba! Vamos, vamos sim.

Eles foram... Chegando lá Dado passou bem no cantinho, ajeitou a bola no chão e disse:

- Agora fique na posição certa no gol que eu vou chutar, hein? Vai ser um gol de placa! HAHAHAHAHA!!!!!

POBRE BETO!

Ele, todo contente, correu para o gol... Dá para imaginar seus passinhos em câmera lenta, correndo para o centro entre as traves de galhos e...

...SPLOFT...

Quando o coitado se deu conta, estava dentro de um buraco, cheio de lama podre do Brejo Esquecido.

Para piorar, Beto ouviu uma tempestade de gargalhadas, vindo de toda a mata e logo toda a bicharada da escola saiu de trás das árvores. E estavam todos rindo e apontando para o pobre gambazinho:

- Não sabia que gambás podiam cheirar pior ainda!HAHAHAHAHA!!!!!!

A Gangue das Doninhas se aproximou e começou a dar petelecos e cascudos em Beto, provocando ainda mais gargalhadas da “platéia”.

Infelizmente para as doninhas, alguém convidou Gambita também e quando ela chegou e viu tal situação ela fez uma cara tão brava, mas tão brava...

Que toda a bicharada fugiu em carreira e quando a Gangue das Doninhas iam fugindo também, Gambita segurou Dado por seu pelo e o levou a Jacque Jaguatirica, o “guardador da lei e da ordem da mata:

- É! O que fizeram foi muito grave. Tem sorte que Dª. Onça está em viagem diplomática, mas eu já sei o que fazer com vocês...

Jacque Jaguatirica condenou toda a gangue a cuidar, todos os dias, da manutenção do Brejo Esquecido e assim, todos os dias, eles voltavam a mata mais fedidos que gambás.

Depois de tal lição, as doninhas entenderam que não tem graça nenhuma zombar dos outros, principalmente, não tem graça nenhuma quando as vítimas das zombarias somos nós e seu exemplo serviu para ensinar o mesmo a todo o resto da bicharada da mata.



CANTIGA (MELODIA: A CANOA VIROU)
"Agora eu sei
Que tenho uma amiga
Que gosta de mim
Do jeitinho que sou

Não preciso provar
O meu grande valor
Pois minha amizade
Já lhe cativou"
...





VII
Dª ONÇA E A TEMPESTADE DO SR. JABUTI



D. Onça, certo dia, ao andar pela mata encontrou o Senhor Jabuti que, todo sonolento, andava vagarosamente em direção ao poente e se pôs a perguntar com voz de deboche:

- Aonde vai assim tão apressado Sr. Jabuti? Algum compromisso importante?

- Vou para o alto da montanha mais alta, pois vem vindo aí um temporal... Uma chuva torrencial que vai alagar toda a mata... Avise aos outros bichos, e avise logo viu?

E D. Onça, as gargalhadas, continuou a vagar pela floresta e todo o bicho que via, dizia com toda a zombaria:

- Corram, se apressem, pois o Sr. Jabuti falou que vem por aí uma chuva torrencial e ele já se "apressou" em seu "passo de tartaruga", para chegar a montanha mais alta antes da tempestade... Vê se pode, com um céu limpo como esse dos últimos dias... Kakakakaka... Uma tempestade, uma chuva torrencial... Kakakakaka....

Depois, ia D. Onça encontrar outro bicho e recomeçar a zombaria. Por sua vez, cada bicho que ouvia, dava um sorriso amarelo em resposta as gargalhadas de D. Onça e se apressava em sair.

Passou aquela tarde, passou toda a noite e nada de tempestade, ou chuva torrencial.

Na manhã seguinte D. Onça deixou sua toca, para sua costumeira caminhada matinal. Andou, andou pela mata e logo percebeu que alguma coisa estava errada. D. Onça achou muito estranho, pois não viu bicho nenhum... A mata estava parecendo uma "mata fantasma", vazia, vazia.

D. Onça não conseguia pensar em um motivo para tamanha estranhice... E foi aí que começou aquela correria no céu.

As nuvens branquinhas se apressavam em carreira, fugindo da ventania e das nuvens negras, enfurecidas que despontavam no horizonte e rapidinho, rapidinho, a céu enegreceu e raios fatiavam aquele manto escuro, enquanto o trovão ralhava alto com toda aquela confusão.

D. Onça correu para sua toca, pensando que lá estaria protegida, mas quando a chuva começou a cair, mostrou que era mesmo uma chuva torrencial, uma tremenda tempestade que logo alagou a mata e inundou a toca. D. Onça, desesperada, se pôs a nadar contra a o "rio" que cobria a mata para chegar a montanha mais alta e quando conseguiu enfim subir até lá, encontrou toda a bicharada abrigada em uma grande toca nas pedras da montanha e, claro, foi cordialmente recebida pelo Sr. Jabuti, enquanto os outros bicho caiam na gargalhada em ver a D. Onça toda encharcada.


CANTIGA (MELODIA: A BARATA DIZ QUE TEM)

" Dona onça gargalhou
Do que o Jabuti falou
Depois todos riram dela
Ela de nada gostou
Ha, Ha, Ha
Ho, Ho, Ho
Ela de nada gostou
Ha, Ha, Ha
Ho, Ho, Ho
Ela de nada gostou"



Um comentário:

  1. Maria Helena, eu particularmente adorei seus livros, renderia mais de 1.000.000.000.000.50 de exemplares!
    recomendo a todos que leiam seu livro! parabés pelo seu:interesse em ler,escrever,criar...
    com carinho e admiraçãode uma grande fã mirim de apenas 10 anos

    Jul!@ @m&!da $tanik

    B
    J
    O
    S
    THAU!

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